Por Lucas Pacheco
Ah, Julien Maury e Alexandre Bustillo eu sou fã de vocês a pelo menos 10 e não sabia! E possivelmente por motivos “errados”.
Sou de humanas, mas jogando números ao vento posso falar que cerca de 60% do filme se passa nesse ambiente submerso, que automaticamente já o trona claustrofóbico e hostil dado o limitado reservatório de oxigênio que os protagonistas dispõem. Essa claustrofobia e hostilidade são potencializadas ao alçarem seu destino entrando na casa elevando a tensão à cada cômodo investigado. Tendo sua tensão culminando no momento da descoberta de uma porta lacrada por um crucifixo de tamanho real que leva para um quarto secreto onde descobrem os corpos dos antigos donos da casa, corpos esses estando intactos, algo que torna a situação mais bizarra por ter se passado mais de 30 anos após a inundação para criação do lago artificial. O momento de descoberta é antecedido por visões de um espirito feminino que não são tratadas de forma gratuita nos tão batidos jump scare.
É um filme lento atmosférico, mas a narrativa não o deixa ser monótono, a interações são boas e constroem bem o relacionamento dos protagonistas assim como a crescente tensão e situação de medo, seja pelo as assombrações e descobertas de um culto satânico como no cativante e odiável que há nos personagens. Algo que o filme trabalha bem nos seu texto é a cultura da web celebridade e da validação pelos likes, deixando nas entrelinhas uma boa critica social foda sobre isso. Atentando nesse ponto é possível perceber como isso afeta a personalidade de Ben e na figura tóxica que acaba se tornando para a namorada Tina, coagida a seguir seus desejos e anseios mesmo claramente tendo uma situação de perigo extremo duplo. Hora alternando sobre o medo do fim do suprimento de ar com à ameaça do sobrenatural. Vemos que mesmo sem a violência física do parceiro, mas em meio a declarações de amor há toxidade inconsequente que pode destruir uma pessoa, algo bem mostrado na alegoria da casa assombrada subaquática, afinal, Tina acaba sufocada justamente por consequência dessa toxidade do parceiro. Na época do movimento “me too” vemos que nem toda violência contra a mulher vem em forma física. Mesmo não sendo o destaque principal do filme é uma mensagem forte que está lá.
Não é o filme mais genial ou mais inovador do mundo não trata de assuntos inovadores ou obscuros para o espectador, mas a maneira que é narrado é diferenciado e novo funcionando bem com com esse diferencial, seja apenas horror/suspense para os fãs do gênero, mas também na utilização do gênero em forma alegórica para os problemas da sociedade moderna. Seu final é óbvio com uma cena pós credito mais óbvia ainda que mesmo assim não gera nenhum demérito para obra.
Sim, esse filme me consolidou como fã dos autores/diretores mesmo não sendo (como disse antes), o filme mais genial do mundo, é sim sim um bom entretenimento e se for seu caso que curte alegorias e subtextos também é um bom filme para te agradar. No fim para mim a conta fechou.