9 de novembro de 2021

Dexter: New Blood episodio 01, o que dizer?

 Lucas Pacheco

Esse revival de Dexter com o sub titulo de New Blood não é surpresa nenhuma chegar com grandes expectativas entre os fãs do personagem, ainda mais com as promessas feitas sobre um final digno para o personagem.

De começo já somos apresentados ao “novo” Dexter em meio a um ambiente diametralmente oposto a seu antigo lar Miami uma metrópole de clima quente e população fria e apática e seu novo lar Iron Lake, uma cidade pequena de ambiente frio, mas de população calorosa.

 Somos apresentados a essa nova rotina de Dexter agora conhecido como Jim Lindsay (referencia ao autor dos livros Jeff Lindsay), já na cena inicial vemos Dexter caçando um cervo, mas sem conseguir puxar o gatilho para o tiro fatal. Ainda somos apresentados a nova forma que sua consciência como sua irmã adotiva Debra assumindo o papel que foi de seu pai Harry. É possível começar a perceber que sua rotina deixa de ser apenas seu disfarce para se misturar e sendo mais de forma de controle sobre os impulsos homicidas.

No decorrer do episódio começamos a ser apresentados aos personagens que o cercam e conhecendo essa nova vida que escolheu e assim criando essa rotina de autocontrole, seja em seu rancho cuidado de seus animais, seja com sua nova namorada em uma “escapadinha” para transar ou mesmo ajudando um amigo afiando seu cutelo para trabalho no açougue. É uma vida pacata e cheia de rotina. Ate chegar um personagem que desperta o seu “alerta vermelho” e tornando inevitável a insurgência de seus desejos e a impossibilidade de controla-los.


Dexter consegue ser ambígua e não ser ambígua ao mesmo tempo, ao criar antagonistas a serie cria pessoas fáceis de odiar, quase os desumanizando tornando fácil torcer para o personagem titulo concluir seus planos. Sempre foi assim e sempre será. A ambiguidade mora em Dexter, claramente um assassino, claramente um monstro como o mesmo sempre afirma, mas ainda assim quando vemos seu lado obscuro é inevitável não torcer por ele, afinal, ele é um serial killer que mata assassinos e “ladrão que rouba de ladrão”... E essa temporada de começo trabalha bem isso lembrando porque ela foi tão popular.

Michael C Hall contínua genial, um ator ímpar com sua atuação é como se houvesse um interruptor que muda a personalidade amigável e encantadora para homicida ameaçadora em um piscar de olhos, ao fazer sua primeira vitima em 10 anos suas feições e trejeitos são fantásticos de se ver alternando. Ao concretizar o assassinato, o espectador percebe sem uma palavra dita que trata de algo libertador para o personagem. Sensação validada com sua característica frase: “to night is the night”. Sendo quase como um "boas vindas" para seu eu real, culminando com um olhar para se mesmo através do espelho e uma amigável saudação.

Nesse momento que ele decide ignorar sua consciência na forma agora de Debra e ser quem é. Toda arte é aberta a interpretação do apreciador, aqui não é diferente, dessa forma dou a minha interpretação: não vejo como se ele estivesse se aceitando, mas se libertando da prisão que ele havia se condenado e se soltando de novo para fazer o que faz de melhor e outras coisas que quer fazer. E o que ele quer fazer vai além de matar, mas de poder se reconectar com seu filho que o encontrou em seu refugio. Mesmo depois de tentar afasta-lo por conta de sua consciência (mais uma vez a forma de Debra), agora o trás para seu lado.

Foi um bom primeiro episódio que constrói bem o novo ambiente assim como o elenco de apoio, a atuação de C. Hall reconstrói o personagem que havia sido desconstruído no decorrer das temporadas originais. Muitas mudanças de sua personalidade se mantem, mas as que faziam falta que causaram desgosto no final da serie começam a voltar.

No fim a conta fecha e da para se ter expectativa para o que vai acontecer daqui por diante.